quinta-feira, 1 de março de 2007

História por acabar: "O último amor de Genghi"

Possível fim da obra “O último amor de Genghi” de Marguerite Youcemar

O Mensageiro subiu a alta casa, trazia uma última carta da parte de poderoso Genghi que, no leito da sua morte, ordenara que esta fosse entregue. A carta estava endereçada a um velho sábio que, no alto duma montanha, repousava aguardando que o Deus Yen-Lo-Wang lhe viesse buscar para o levar. Este olhava as nuvens que pairavam a poucos metros da sua cabeça, sustidas por algo invisível, quando subitamente uma ofegante personagem surge quebrando a paz. Tentando recompor a sua postura o mensageiro levanta-se e mantém-se imóvel com a espinha erecta. O velho sábio e pergunta na sua rouca voz:
- Que fazes por aqui na Montanha do Tempo?
- Venho da parte de Genghi, este deseja que recebas esta carta. Genghi esta no leito da morte, esta será certamente o último contacto que tens com ele.
Fazendo uma vénia entregou a carta ao remetente, e desapareceu. O velho assim que pegou na carta não tirou os olhos dela. A muito que conhecia Genghi e sabia bem a confiança que este tinha nele. Mas temia. Temia o que este lhe teria a dizer no leito da sua morte. Sabia, enfim, que qualquer coisa de tanto valor era um tesouro. E o que quer que a carta dissesse era de extremo valor, e era só ele podia saber. Genghi o eterno galã, o eterno amante, o herói que nunca lutou.

Apesar de tudo ainda não tinha aberto a carta. Raciocinara o que a carta implicava. Sabia que confiança e segurança estariam em cada palavra. Retirou por fim os olhos da carta e olhou o céu. Ao longe, lentamente, um nevoeiro aproximava-se. Pequenos pássaros de bico branco voavam sobre a sua cabeça. E o velho sorriu. Seria esta a última prenda do destino? Estaria o Deus da morte Yen-Lo-Wang a fazer pouco dele? A trazer-lhe uma última recordação. A pregar lhe uma última partida.

Qualquer um abriria a carta. Não iria temer poderes divinos. Mas o velho sábio da montanha era supersticioso. Pegou na carta entrou na sua pequena cabana e mandou a carta para a fogueira. Entre as chamas a crepitar o Velho ainda pode ver certos pedaços da carta que ainda não queimavam. No mais legível lia-se:
“Amo-a.”

Sem comentários: