sábado, 19 de maio de 2007

A vida tem outra cor

A vida tomou outro significado. Tudo tem mais piada. É como se tivessem devolvido as cores ao céu. É como se renascêssemos do nada. Sem esforço ou dor. Apenas prazer e satisfação. E a vida ganhou cor. Tudo parece mais lógico. Um peso enorme que carregava caiu. E sinto-me leve. Como se conseguisse voar. Não há pressão de tempo. Não há frustração da solidão. Não há dor na vida.
Admitindo os meus erros, e concluindo as minhas desventuras. Chego a um bom fim. A vida é bela. E tem de ser. Violência existe. E toda a dor existe. Não é desumano ignora-la. Desumano é pensar que não nos pode atingir. Estamos para sempre condenados a conhecer o nosso fim. A única escolha que temos, é se nos cruzamos com esse fim, em pé como heróis, ou deitados como velhos idosos.
A verdade é que as pequenas coisas da vida dão-nos prazer. Aqueles pequenos pormenores que parece que foram feitos só para nós. Isso sim. Isso faz o nosso dia ter mais significado. E agora, agora que me tiraram um peso de cima dos ombros, eu entendo. Agora a música faz mais sentido. A arte é mais bela. E a vida é mais especial. Como pequenas coisas mudam todo o nosso andar, estar e ser. Tudo parece diferente. Quando um dos nossos propósitos mais íntimos é satisfeito. Quando algo que tanto ansiamos sucede, então é porque estamos vivos.
Então é porque o mundo sucede. O céu continua a ser azul. As nuvens brancas. O passado continua a ser tentador. E o presente um massacre. Os amigos continuam uns bêbados. A família continua de luto. A semana tem cinco dias. A corrente vai para o mesmo lado. Os peixes continuam a viver debaixo de água. Os cães atravessam a estrada na passadeira. As raparigas continuam a sorrir. A música continua um universo mais vasto que o nosso. A arte abstracta continua um mistério. A hora continua a ter sessenta minutos. O mar continua azul e ondulado. A televisão continua viciante e aditiva. O mundo continua igual ao que sempre foi.
Mas nós não. Nós mudamos, e a vida tomou outra cor. Se por bem ou mal, não sei. Sei apenas algo: Ainda não me desiludi.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Filme Memorável - Memento



(Nota pessoal: O filme que gosto mais, de todos os que já tive o prazer de ver.)

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Cesário Verde e a sua obra

Estava, inicialmente, muito pouco ligado á obra de Cesário Verde. Não tenho facilidade em analisar poesia, ou mesmo em saber apreciá-la. Tenho um irmão com tendências poéticas, tal como a professora sabe. E sendo assim, sempre deixei os meios “poéticos” para ele. Também eu escrevo, mas prefiro escrever textos largos. Pensamentos e profundas reflexões sobre o mundo.

Mas tentando não fugir ao tema, repito, não sei apreciar poesia. E portanto, julguei que Cesário Verde não fosse uma excepção. Pensei que fosse mais um poeta português, dos muitos que a minha nação alberga (Graças a Deus!). E contudo, ao ler Cesário Verde, consegui descobrir o seu brilho. Verdade seja dita que os poucos poetas que já tinha tido o prazer de ler, eram épicos (Camões) ou míticos (Pessoa), e de ambos, pouco ou nada consegui apreciar. Nem mesmo consegui apreciar, pois tanto se dizia bem de ambos que até me sentia intimidade em expressar a minha opinião as suas obras. Como se um comentário a tais obras fantásticos fosse mal recebido e mesmo renegado.

Portanto ao ler Cesário Verde, consegui perceber um pouco esse brilho que ostenta. Sei contudo que não é assim que o conseguirei apreciar. Por muito que o tente ler e até mesmo julgar, a obra de Cesário Verde não encaixa. Tanta é a pressão de ler e analisar para conseguir corresponder ás análises feitas nas aulas, que receio não conseguir tirar o máximo de tal obra. Dos vários poemas que li, apenas a ideia de tirar notas e conclusões (muitas vezes precipitadas) imperava na minha mente.

Portanto, e receando não corresponder ás expectativas de um futuro teste sobre a obra de Cesário Verde, é com pena que digo, continuo sem saber apreciar poesia. Quero portanto deixar aqui a minha impressão do primeiro poema que li de Cesário Verde: Contrariedades. Tocou-me a maneira como “triste” Cesário Verde conta a sua história. Sendo este recusado por não aceitarem poemas seus, loucamente relata a sua fúria e sentimento. Apreciei especialmente a maneira como a cólera passa ao ver e pensar naqueles que realmente sofrem: o povo. E ao contrário de Eça que mal dizia da sociedade rica e dos luxos, Cesário tenta mostrar os dois lados dessa contenda, tanto dizendo mal dos ricos, como realçando a pobreza do povo. De todos os poemas, este fascinou-me. E espero, um dia mais velho, conseguir ter tempo para realmente apreciar todo o legado de Cesário Verde.

“E estou melhor, passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. É feia…
Que mundo! Coitadinha!”

Poema de Cesário Verde, Contrariedades

10.05.07

quarta-feira, 16 de maio de 2007

A vida complicou-se

A culpa não é nossa. Não pode ser. Não somos nos que ditamos a velocidade com que a vida se move. Não somos nos que decidimos a quantos vamos. È como uma viagem de carro. E estamos no lugar do morto. Pouco podemos fazer para alem de ouvir musica e apreciar a vista. E contudo temos uma opção: enfiar com o carro no muro, e dar uma morte instantânea. Acho que a vida acaba por se resumir a isso. Uma viagem que não temos controlo, e apenas podemos apreciar. E a única coisa que podemos fazer, é escolher quando queremos que chegue o fim. Isto é, se o provocarmos.
E é frustrante. Irritante no mínimo. Nada fazemos. A vida corre muito depressa, e mal temos noção, já estamos a dizer:
“Isso no meu tempo não era assim.” Ou “ Isso era antigamente.”
Que raio, quantos séculos de idade temos nós, para já estarmos armados em velhos? A falar do nosso tempo e de como era dantes. Julgamo-nos já com idade para dizer tais barbaridades. Somos putos. Estamos na flor da idade. E por muitas décadas de idade, nunca deveria chegar uma altura propícia para falar do passado e compara-lo ao presente. Nunca deveria chegar um dia, em que sentados numa cadeira, e olhando para o Sol a queimar-nos as pálpebras, dar-mos com nós mesmos dizendo em voz baixa:
“Ah, que vida que levei. Tantas coisas alcancei, e tantas coisas vivi.”
Ainda eu, jovem como sou, dou por mim a criar biografias na mente. Passagens da minha vida, transcrita para um livro. Desgraça de pensamentos. Nenhum de nós deveria sentir-se velho, nunca.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Poetry that does not rhyme: Aren’t you pleased yet

You’ve got a beautiful smile.
Generally, I hate when people smile.
It disappoints me.
I like to believe that I’m the source of their happiness.
So I sadly watch them smile when I’m not there.
But your smile, well that’s different.
When you smile the world seems to smile with you.
And when you do it even I fell happy.
Few people make me smile.
Few people make me fell complete.
And you, you do it all the time.
Why?
I’ve got no answers.
But one thing is true.
You hardly know me.
We trade a smile each day, like we were really happy by seeing one another.
And you know that’s not true.
I’m not the source for your happiness.
I won’t lie to you, you give me hope.
Hope for a better life, a better soul.
God knows I try to make you more then a friend.
But it’s just not enough.
And looking at you, again and again, I wonder:
“Aren’t you pleased yet?”
I finally give up.
You’re so beautiful, so simple, and so unique.
My influence on you could destroy you.
And I won’t take that risk.
I won’t.
Not again.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Diário de uma mentira

“O meu maior erro foi um dia mentir-te. E a mentira parece tão simples, tão inocente, tão pouco. Mentimos para ocultar a verdade. E porque o fazemos? Porque a realidade não é aquilo que gostaríamos que fosse. Sempre menti a tudo e todos. E agora, agora sinto-me mal. Como se carrega-se um corpo coberto de cicatrizes, dores, doenças. Sim, a mentira é como uma doença terminal. Sabes que inevitavelmente a mentira vai morrer, e contudo lutas com tudo o que tens para que seja o mais tarde possível.
E mentir-te, foi o meu pior erro. Nunca te devia ter mentido. Fi-lo, sim, admito. Na altura… na altura pensei que tudo iria dar errado, se eu não contasse essa pequena mentira. E tu adoravas-me. Não sei se pela mentira, mas tu idolatravas me. E olhavas me com esses teus olhos e sorrias. E eu não pensava mais na mentira. Que importa uma pequena mentira? Que importa agora a mentira? És feliz, e a minha mentira não te irá dar eterna felicidade ou tristeza. No momento, sim, no momento, era a melhor coisa a dizer. Porque tudo poderia descambar, tudo poderia cair, tudo podia morrer, se essa pequena mentira não fosse dita. E eu não podia deixar, simplesmente não podia.
E o pior da mentira, é que só a primeira é que custa. Depois fica-se tão profissional. É como o álcool. No início cai mal na garganta. Mas lentamente o seu efeito toma conta de nós, e cada vez mais perdemos essa noção. Essa noção de que estamos a beber, de que estamos alucinados e que não nos controlamos. Tal como a mentira. A primeira soube mal. Sentir os teus olhos penetrantes. E em cada segundo sentir que duvidavas de mim e que a qualquer momento poderias provar a minha tão estúpida mentira.
Mas nada aconteceu. Tu continuavas a sorrir. E eu continuava a mentir. Lentamente a mentira tomou conta de mim. Já não pensava nela. E mais uma mentira, ou outra, já nada custava a sair. Só uma coisa se arriscava a desaparecer: o teu sorriso, no dia em que perceberes todas as vezes que te aldrabei, trai e enganei.
E aqui, aqui que não me podes ler, perceber e entender, eu peço-te perdão. Mais tarde ou mais cedo iras perceber que te menti. Talvez um dia deixemos de nos amar. E nesse dia já não saberás que te menti. Já não poderás olhar-me na cara e perguntar:
Porquê?
Até esse dia chegar, continuarei a amar-te. Até esse dia… Até chegar esse dia fatídico.
Porque te menti eu? Gostava de nunca o ter feito. Até esse maldito dia, adeus.”

domingo, 13 de maio de 2007

Música para ouvir: Fray - How to Save a Life



Step one you say we need to talk
He walks you say sit down it's just a talk
He smiles politely back at you
You stare politely right on through
Some sort of window to your right
As he goes left and you stay right
Between the lines of fear and blame
And you begin to wonder why you came

Where did I go wrong, I lost a friend
Somewhere along in the bitterness
And I would have stayed up with you all night
Had I known how to save a life

Let him know that you know best
Cause after all you do know best
Try to slip past his defense
Without granting innocence
Lay down a list of what is wrong
The things you've told him all along
And pray to God he hears you
And pray to God he hears you

Where did I go wrong, I lost a friend
Somewhere along in the bitterness
And I would have stayed up with you all night
Had I known how to save a life

As he begins to raise his voice
You lower yours and grant him one last choice
Drive until you lose the road
Or break with the ones you've followed
He will do one of two things
He will admit to everything
Or he'll say he's just not the same
And you'll begin to wonder why you came

Where did I go wrong, I lost a friend
Somewhere along in the bitterness
And I would have stayed up with you all night
Had I known how to save a life
{Repeat the chorus four times}

(Nota pessoal: Uma música destas, calminha, de vez em quando, faz bem a toda a gente. O estilo deles é muito parecido a Coldplay, cada música com o mesmo tom. E contudo demora até saturar.)