quarta-feira, 16 de maio de 2007

A vida complicou-se

A culpa não é nossa. Não pode ser. Não somos nos que ditamos a velocidade com que a vida se move. Não somos nos que decidimos a quantos vamos. È como uma viagem de carro. E estamos no lugar do morto. Pouco podemos fazer para alem de ouvir musica e apreciar a vista. E contudo temos uma opção: enfiar com o carro no muro, e dar uma morte instantânea. Acho que a vida acaba por se resumir a isso. Uma viagem que não temos controlo, e apenas podemos apreciar. E a única coisa que podemos fazer, é escolher quando queremos que chegue o fim. Isto é, se o provocarmos.
E é frustrante. Irritante no mínimo. Nada fazemos. A vida corre muito depressa, e mal temos noção, já estamos a dizer:
“Isso no meu tempo não era assim.” Ou “ Isso era antigamente.”
Que raio, quantos séculos de idade temos nós, para já estarmos armados em velhos? A falar do nosso tempo e de como era dantes. Julgamo-nos já com idade para dizer tais barbaridades. Somos putos. Estamos na flor da idade. E por muitas décadas de idade, nunca deveria chegar uma altura propícia para falar do passado e compara-lo ao presente. Nunca deveria chegar um dia, em que sentados numa cadeira, e olhando para o Sol a queimar-nos as pálpebras, dar-mos com nós mesmos dizendo em voz baixa:
“Ah, que vida que levei. Tantas coisas alcancei, e tantas coisas vivi.”
Ainda eu, jovem como sou, dou por mim a criar biografias na mente. Passagens da minha vida, transcrita para um livro. Desgraça de pensamentos. Nenhum de nós deveria sentir-se velho, nunca.

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