sábado, 26 de maio de 2007

Divagações incompreendidas

E foi a reparar que tinha roubado a caneta de uma irmã, elemento da igreja católica, que me deparei com o assunto. Talvez pelo facto da caneta pertencer a uma firma de funerais, ou pelo carácter de estar ligeiramente roída no topo, o que me enojou um bocado. Não sei, mas fiquei a pensar. Talvez tenha perdido anos da minha infância. E isso, é uma treta de cena. Enquanto todos brincavam e sorriam, sem problemas, eu não. Enquanto todos se reuniam para a sua primeira ida ao cinema e a sua primeira ida ao café e a sua primeira…vida. Eu estava a fazer-me de parvo.
E pronto, se já admiti que perdi anos de infância, e agora? O que ganho eu com isso? Uma coisa é certa, se na altura não me diverti, então agora, vou compensar o tempo perdido. Agora vou me divertir, e muito. Dizem, e são várias as pessoas que o admitem, que sou um tipo de extremos. Levo sempre tudo ao extremo. O que me parece altamente praticável. E inteligente.
Se hoje faço algo, e quem sabe, nunca mais o farei, porque não aproveitar ao máximo? Porque não dar tudo, sempre que podemos? Se a vida é curta, e podemos morrer de um minuto para outro, então, porque não aproveitar cada acontecimento na nossa vida? Sou a favor de o fazer. Sempre! O que pode ser frustrante. Tanto porque podem vir refilar contigo, porque acabaste com o salame de chocolate em meia hora, ou porque correste tanto que tresandas pior que tudo.
Acho que a vida é feita de extremos. É feita de frases que só tu terias coragem de as dizer. Veio ontem um amigo meu, falar de um dia, mais miúdos do que somos ainda hoje, virei-me para ele, no campo de futebol e disse:
“O que interessa é o que os outros pensam.”
Agora, uma coisa é certa, na altura, não era nada atraente, nem nada á frente. Era mesmo um tipo reservado e não muito de notar. E contudo, disse algo assim. E o interessante, é que ainda hoje diria o mesmo. Terei eu mudado tanto, ou será a mudança relativa e mal intencionada? Se algum dia poder, explico o quis dizer com essa frase, porque ainda hoje, diria exactamente o que diria na altura. A mesma resposta doida e completamente incompreendida. Pelos vistos não mudei certas coisas.
E porque raio tem uma irmã, uma caneta de uma agência funerária? Isso não é pecado?

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