quinta-feira, 3 de maio de 2007

Textos soltos: Caracterização de uma personagem

Decidi caracterizar uma personagem do conto “O Largo”, de Manuel Fonseca. Essa personagem é João Gadunha. È necessário, antes de caracterizar esta personagem, fazer um pequeno apontamento do meio que a rodeia. Este personagem vive numa Vila. Não é importante referir qual é, mas sim explicar que é uma pacífica Vila. A cultura e desenvolvimento desta vila eram quase nulos, até a chegada do comboio. Isto afectou negativamente o personagem que irei caracterizar.
João Gadunha é uma pessoa cuja forma de falar e de agir revelam figuras que conheceu quando era novo, e que ainda acredita no passado.

O passado que o comboio pôs fim. Este passado remete nos ao título, “O Largo”. É nele que se passava tudo. A Vila centrava-se nas acções no Largo. O Mundo da Vila girava a volta do Largo. Mas o comboio transformou o Largo no que ele é hoje, um cruzamento de estradas, com casas em volta e uma rua que sobe para a Vila. João ainda não esqueceu o passado e não admite enfrentar o presente. Ainda passa pelo Largo e imagina que o tempo não mudou. Recorda os falsos heróis que por lá passavam e inventavam múltiplas histórias para passar o tempo. Histórias essas que deliciavam uma larga plateia de ouvintes, que silenciosamente as escutavam e idolatravam. Histórias, que é necessário referir, absurdas. E que nos dias de hoje teriam pouca ou nenhuma importância.

João ainda conta histórias absurdas sobre os seus feitos heróicos, exagerando sempre. Das vezes que foi a Lisboa e encheu um larápio de punhadas nos queixos e de outra vez... Mas ninguém ouve o pobre bêbado. Hoje em dia todos sabem das notícias no mesmo dia que aconteceram, todos se juntam no café, e esquecem os antigos valentes que no Largo inventavam histórias para passar o tempo. Mas João recusa-se, apesar de tudo, a aceitar que o passado já lá foi, a admitir que os tempos mudaram. No fundo é um Velho do Restelo. Um pobre coitado que na sua ignorância teme o desconhecido, o futuro. Como o velho do Restelo, João Gadunha é abandonado acabando por ser esquecido, tapado por um lençol de poeira.

Este personagem dá um exemplo de vida. Que nos mostra que não devemos ficar presos no passado, inventar história gabarolas em que somos sempre os protagonistas, devemos sim viver o dia de hoje e o de amanhã, pois o tempo não espera.

“O Largo” texto Extraído do livro “O Fogo e as Cinzas” de Manuel da Fonseca

23.03.06

1 comentário:

Meg.. disse...

Dei esse texto no 10º! Ya o homem não se dava c a evolução! Mas ha muita gente assim! Inda vai demorar para que todos se ambientem com as novas tecnologias!

Tava bom o texto! Fizes.t com que me lembra.se de coisas do passado!

Continua...*