Acabou-se o blog, pelo menos este. Tirei férias deste problema diário e rotineiro, para logo entrar noutro semelhante. Precisamos de uma rotina. Este blog fazia parte dela, agora, que venha outra, mais simpática, mas aceitável, mais fácil. Gostei deste blog meio privado. Era calmo, não muito suicida, meu. Mas faltava algo, faltava a originalidade que sempre quis num blog meu. Este blog era muito artificial, muito certinho, pouco aceitável. Portanto, que venha daí algo mais produtivo, algo novo.
Acabei então este blog. Acabei então, a fase da nova alma. Julgo nunca conseguir uma alma nova, pelo menos, enquanto esta ainda funciona. Mando cumprimentos a toda a gente, aproveitem o que vos dão, e façam como eu, algo produtivo do vosso tempo. Aprendam a passar uma moeda pelos dedos. Aprendam a escrever com os pés. Aprendam a ler tarot. Quem sabe, daqui a muitos anos, não será triste o facto de não saberem fazer nada para além de amar, comer e dormir.
Cumprimentos, até á próxima.
MJCC
terça-feira, 4 de setembro de 2007
quinta-feira, 12 de julho de 2007
Férias de Verão
Fui de férias. A inspiração vai morrer um pouco nas próximas semanas, mas talvez assim consiga mais tempo para mim. Mais tempo sem preocupações. Mais tempo. Não que a escrita me consuma tempo. Não. Escrever nunca me consumiu tempo. Apenas alma. Mas quem precisa dela?
Fui de férias. Vou nadar em água salgada. Torrar ao sol abrasador. Enfiar pés na areia. Por creme nas costas. Correr pela praia. Sim, a praia. Chego a pensar que estar de férias na praia é um pouco masoquista. Mas quem sou eu para mal dizer do meu estilo de vida? Já me custa saber que muitos dariam para ter tanto tempo de férias e de tão boa qualidade como eu tenho. Mas enfim, são férias.
Como já disse uma vez, as férias servem mais para dizer que as tivemos do que para as realmente usar. Vou então de férias. Sem me querer preocupar com nada de nada. Apenas ali, sozinho, a torrar ao sol. Ver as bifas á noite. Receber um sms ocasional e não me preocupar com o saldo do telemóvel. Quatro canais na televisão e um galo que canta todas as manhãs na casa do lado. Sim as minhas férias são em sítios esquisitos. E com gente esquisita. E a fazer coisas… completamente normais.
As férias são quando queremos que sejam. E se hoje parto par terras d’El mar, é porque tenho de partir, não porque quero. Férias já eu tive o ano todo. Mas o presente diz me que férias é aquilo e eu vou. Sem preocupações. Soubesse o D. Afonso Henriques que o seu povo vai passar as férias a terras de mouros, talvez se passasse da cabeça. Mas pronto, como ele não está cá, desejo umas boas férias, e um abraço para essa malta toda que por ai anda.
Fui de férias. Vou nadar em água salgada. Torrar ao sol abrasador. Enfiar pés na areia. Por creme nas costas. Correr pela praia. Sim, a praia. Chego a pensar que estar de férias na praia é um pouco masoquista. Mas quem sou eu para mal dizer do meu estilo de vida? Já me custa saber que muitos dariam para ter tanto tempo de férias e de tão boa qualidade como eu tenho. Mas enfim, são férias.
Como já disse uma vez, as férias servem mais para dizer que as tivemos do que para as realmente usar. Vou então de férias. Sem me querer preocupar com nada de nada. Apenas ali, sozinho, a torrar ao sol. Ver as bifas á noite. Receber um sms ocasional e não me preocupar com o saldo do telemóvel. Quatro canais na televisão e um galo que canta todas as manhãs na casa do lado. Sim as minhas férias são em sítios esquisitos. E com gente esquisita. E a fazer coisas… completamente normais.
As férias são quando queremos que sejam. E se hoje parto par terras d’El mar, é porque tenho de partir, não porque quero. Férias já eu tive o ano todo. Mas o presente diz me que férias é aquilo e eu vou. Sem preocupações. Soubesse o D. Afonso Henriques que o seu povo vai passar as férias a terras de mouros, talvez se passasse da cabeça. Mas pronto, como ele não está cá, desejo umas boas férias, e um abraço para essa malta toda que por ai anda.
Canto Sem Encanto: Rapaz Abandonado
Estava ali. Tão sozinho e abandonado. A vida não lhe corria bem. O tempo não passava. Nada se resolvia. Tinha uma cara estranha. Como se quisesse sorrir mas o corpo forçava um ar sério de dor. Estava triste. Pensativo. Cansado. Abandonado. Tinha cabelo preto. Era alto. Tremia. Tinha frio. Andava confiante por entre as pessoas. Erguia no seu subconsciente os ombros para cima. Imponha respeito. Olhava para cada pessoa que via. Olhava de uma maneira desconfortável. Tentava afastar o olhar dele, mas era me impossível. Não era pobre. Não era abusado. Era normal. E contudo o rosto dizia todo. Um olhar sozinho e perdido. Parou. Parou de andar. Encostou se a uma parede. Colocou o pé como apoio e descontraiu o outro. Cruzou os braços e com a mão esquerda coçou o queixo. Passou levemente a mão pelo pescoço e manteve o olhar em frente. Sem problemas. Sem querer saber de quem passava e o olhava. Estava ali. E dali não sairia.
Subitamente algo o atingiu. Como um raio numa noite escura. Não sei bem donde. Mas algo o alterou. Saiu da parede. Começou a andar rapidamente. Embateu contra pessoas. Não parou para pedir desculpa. Continuou a andar. Cada vez mais depressa. Passou por tanta gente. Não olhou para ninguém. Não queria saber. Correu e correu. Era misterioso. Não sei qual de nós mais. Ele que corria. Ou eu que corria com ele tentando acompanhar o seu passo. Não olhou para trás uma só vez. Estava comprometido. A pensar bem no que ia fazer. E contudo não saiu do mesmo lugar. Corria de um lado para o outro. Mexia-se agilmente. Mas temia em andar a volta. Sem sair do mesmo sitio. Sem criar nada. Sem concluir nada. Apenas vagueava. Estava estranho. Era estranho. E no fim parou. Uma voz disse:
“Atrasei-me muito?”
Ele sorriu e não quis saber mais do que fugia.
Subitamente algo o atingiu. Como um raio numa noite escura. Não sei bem donde. Mas algo o alterou. Saiu da parede. Começou a andar rapidamente. Embateu contra pessoas. Não parou para pedir desculpa. Continuou a andar. Cada vez mais depressa. Passou por tanta gente. Não olhou para ninguém. Não queria saber. Correu e correu. Era misterioso. Não sei qual de nós mais. Ele que corria. Ou eu que corria com ele tentando acompanhar o seu passo. Não olhou para trás uma só vez. Estava comprometido. A pensar bem no que ia fazer. E contudo não saiu do mesmo lugar. Corria de um lado para o outro. Mexia-se agilmente. Mas temia em andar a volta. Sem sair do mesmo sitio. Sem criar nada. Sem concluir nada. Apenas vagueava. Estava estranho. Era estranho. E no fim parou. Uma voz disse:
“Atrasei-me muito?”
Ele sorriu e não quis saber mais do que fugia.
Frases perdidas na mente V
O álcool não julga, apenas ouve. 7-5-2007
E não procuramos nós por alguém que nos ouça? 7-6-2007
Terei de ser normal para os normais, e diferente para os tolerantes. 7-7-2007
Se a dor for ilusão e o amor ficção, então a vida é uma desilusão. 7-8-2007
Quando não estás, a ausência faz-me chorar; quando estás, a presença faz me sonhar; quando não existes, então é porque sou feliz. 7-9-2007
O imprevisível mata. O previsível aborrece. 7-10-2007
A minha consciência reflecte-se num fanático, um amigo e um desiludido. 7-10-2007
Se a saudade fosse gente, ela estaria entre nós os dois. 7-11-2007
Se o holocausto fosse hoje, quem tivesse um modem lento ia para centros de concentração. 7-11-2007
O corpo pede férias, a mente pede criação e o universo, esse, dá-me pura ilusão. 7-12-2007
Fui me embora, parti. Que não sintas saudades de quem nunca tiveste, que não tenhas pena do que nunca disseste. Adeus, já fui, já vou ao longe, sem olhar para trás. Sem remorsos ou dor. Fui. 7-12-2007
E não procuramos nós por alguém que nos ouça? 7-6-2007
Terei de ser normal para os normais, e diferente para os tolerantes. 7-7-2007
Se a dor for ilusão e o amor ficção, então a vida é uma desilusão. 7-8-2007
Quando não estás, a ausência faz-me chorar; quando estás, a presença faz me sonhar; quando não existes, então é porque sou feliz. 7-9-2007
O imprevisível mata. O previsível aborrece. 7-10-2007
A minha consciência reflecte-se num fanático, um amigo e um desiludido. 7-10-2007
Se a saudade fosse gente, ela estaria entre nós os dois. 7-11-2007
Se o holocausto fosse hoje, quem tivesse um modem lento ia para centros de concentração. 7-11-2007
O corpo pede férias, a mente pede criação e o universo, esse, dá-me pura ilusão. 7-12-2007
Fui me embora, parti. Que não sintas saudades de quem nunca tiveste, que não tenhas pena do que nunca disseste. Adeus, já fui, já vou ao longe, sem olhar para trás. Sem remorsos ou dor. Fui. 7-12-2007
quarta-feira, 11 de julho de 2007
A frustração da tecnologia
A tecnologia dá nos tudo num segundo. A tecnologia tira-nos tudo num segundo.
Traz-nos memórias num CD, vidas numa pendrive, gostos num iPod. E a tecnologia faz de nós seus lacaios. Seus dependentes eternos. Faz futuros escritores dependentes do Word. Faz futuros arquitectos dependentes de programas complexos e ordenados por sabe se lá quem. Faz nos tirar um curso cada mês para não sermos ultrapassados por uma criança de sete anos. Faz nos depender dos mais novos, pois eles são os mais velhos de hoje.
O mundo está trocado pela tecnologia. Basta tempo e dedicação, e somos donos do mundo. Pelo menos do nosso. Daquele que nos dão a conhecer, o digital. O mundo digital faz-nos habitantes do sonho chamado “aldeia global”. O sonho tão próximo da realidade, e contudo com tanta falta de carácter e ordem que talvez nunca passe disso, um sonho. Um sonho, mas não de todos nós.
Maltratam-se as pessoas, pois o seu trabalho de horas é convertido em nada. Em um pequeno ecrã negro, de plasma. Abismados com a tecnologia, os seus preços e capacidades, nem sabemos bem quem somos. Porque somos lacaios da informática. Feitos para comprar. Para pedir algo mais rápido, eficiente, nosso. Hoje não vemos fotos em álbuns. Hoje não ouvimos música em CD’s. Hoje não escrevemos em papel. Hoje não andamos, navegamos.
O mundo é plano. A tecnologia é frustada. Exigimos rapidez máxima! E hoje, em vez de corrermos para dizer a alguém:
“Amo-te.”
Preferimos mandar um SMS ou um E-mail. E se hoje queremos falar com alguém para ouvir a sua voz e sentirmo-nos especiais e amados; para a ouvir dizer:
“Gosto de ti.”
Preferimos telefonar, pois a voz ao telefone parece tão igual á de ao vivo.
O mundo está diferente. Não precisamos de um velho do Restelo para o perceber. Todos o sabemos. Não sou um velho. Não noto as diferenças tanto como outros. Mas sou novo. E no mundo de hoje todos somos novos. Todos tentamos nos adaptar a este mundo sempre igual e contudo sempre em mudança. Hoje, ninguém é adulto, pois todos
Traz-nos memórias num CD, vidas numa pendrive, gostos num iPod. E a tecnologia faz de nós seus lacaios. Seus dependentes eternos. Faz futuros escritores dependentes do Word. Faz futuros arquitectos dependentes de programas complexos e ordenados por sabe se lá quem. Faz nos tirar um curso cada mês para não sermos ultrapassados por uma criança de sete anos. Faz nos depender dos mais novos, pois eles são os mais velhos de hoje.
O mundo está trocado pela tecnologia. Basta tempo e dedicação, e somos donos do mundo. Pelo menos do nosso. Daquele que nos dão a conhecer, o digital. O mundo digital faz-nos habitantes do sonho chamado “aldeia global”. O sonho tão próximo da realidade, e contudo com tanta falta de carácter e ordem que talvez nunca passe disso, um sonho. Um sonho, mas não de todos nós.
Maltratam-se as pessoas, pois o seu trabalho de horas é convertido em nada. Em um pequeno ecrã negro, de plasma. Abismados com a tecnologia, os seus preços e capacidades, nem sabemos bem quem somos. Porque somos lacaios da informática. Feitos para comprar. Para pedir algo mais rápido, eficiente, nosso. Hoje não vemos fotos em álbuns. Hoje não ouvimos música em CD’s. Hoje não escrevemos em papel. Hoje não andamos, navegamos.
O mundo é plano. A tecnologia é frustada. Exigimos rapidez máxima! E hoje, em vez de corrermos para dizer a alguém:
“Amo-te.”
Preferimos mandar um SMS ou um E-mail. E se hoje queremos falar com alguém para ouvir a sua voz e sentirmo-nos especiais e amados; para a ouvir dizer:
“Gosto de ti.”
Preferimos telefonar, pois a voz ao telefone parece tão igual á de ao vivo.
O mundo está diferente. Não precisamos de um velho do Restelo para o perceber. Todos o sabemos. Não sou um velho. Não noto as diferenças tanto como outros. Mas sou novo. E no mundo de hoje todos somos novos. Todos tentamos nos adaptar a este mundo sempre igual e contudo sempre em mudança. Hoje, ninguém é adulto, pois todos
terça-feira, 10 de julho de 2007
Poetry that does not rhyme: Old memories
Like a lightning it strokes me.
An old memory that changed all my thoughts of the day.
It hit me and made me realise how some things are lost.
Old photos bringing back short and unimportant moments.
But yet, moments no one likes to forget.
How in a second you can remember.
You can bring back days and hours of laughter.
You can remember what you never wanted to keep.
Moments, seconds of happiness.
But unimportant for your future life.
So you erase them.
You erase the past that doesn’t matter.
You erase the moments that don’t count.
You kill the stuff that aren’t in your mind.
You make them go away.
Because your mind has limits.
You can’t hold every moment.
You can’t keep every laugh.
You can’t keep every day.
You can’t keep every cry.
So your mind erases what it find useless.
And leaves spaces blank in your memory, for new times.
New people.
New thoughts.
New memories.
The mind expands.
And you only keep what matters.
But who decides what matters and doesn’t matter?
An old memory that changed all my thoughts of the day.
It hit me and made me realise how some things are lost.
Old photos bringing back short and unimportant moments.
But yet, moments no one likes to forget.
How in a second you can remember.
You can bring back days and hours of laughter.
You can remember what you never wanted to keep.
Moments, seconds of happiness.
But unimportant for your future life.
So you erase them.
You erase the past that doesn’t matter.
You erase the moments that don’t count.
You kill the stuff that aren’t in your mind.
You make them go away.
Because your mind has limits.
You can’t hold every moment.
You can’t keep every laugh.
You can’t keep every day.
You can’t keep every cry.
So your mind erases what it find useless.
And leaves spaces blank in your memory, for new times.
New people.
New thoughts.
New memories.
The mind expands.
And you only keep what matters.
But who decides what matters and doesn’t matter?
segunda-feira, 9 de julho de 2007
Diário de uma dança
“Ela era linda. Olhava para mim sem problemas ou vergonhas. Eu não. Eu estava nervoso e cheio de medo. A dança não é o meu forte. Mas ali, forçado a dançar com a beleza, deixei me ir. A melodia tocou alta. Tão alta estava que parecia me querer magoar. Tocava como se gritasse contra mim bem alto para dançar. Mas ali, eu e ela a olharmo-nos, nada tocava. Não havia música. Nada se ouvia. Nada existia. Apenas cada passo de dança, tal como havia aprendido.
Desajeitado, tropeçava e tentava fazer boa figura. Dizia alto os passos de dança. Olhava para os meus pés atentamente de modo a não a pisar. Mas tudo o que tentasse fazer, apenas piorava a minha figura. Ela contudo, não se preocupou. Pediu para deixar de olhar para os seus pés, que colocasse a mão fixa nas minhas costas e que relaxasse. Os meus ossos não me obedeciam, e dentro de mim apenas uma voz ecoava, a sua.
Levantei o olhar e contemplei o seu corpo. Puxei contra mim e coloquei a minha mão nas suas costas. Abrandei a minha respiração e deixei de repetir cada passo. Ela olhava para alto, para os meus olhos. Comandava a dança. Cada passo, perfeito. Rodava e pulava para o lado angelicamente. Por vezes um erro ou dois da minha parte, mas ela nem ouvia as minhas desculpas e deixava assim a dança fluir. Sorria e sincronizava a bela dança. E eu, levado por ela, até parecia saber dançar.
Não sabia para onde olhar. Ela tinha os olhos fixos em mim. Percorria o meu corpo simultaneamente querendo que a dança fosse perfeita. Perdi-me do tempo, e a musica não teria fim. Olhei á minha volta. Todos dançavam. Também desajeitados os parceiros tentavam obedecer ao controlo delas. Elas que pareciam nascer para a dança. Nascer para se moverem de um modo tão terno e divinal. E assim a dança progredia. Tentei esquecer o facto de me sentir suar. De me sentir perto de uma falésia, como se fosse cair. E a minha única salvação, era uma mão pequena que me agarrava, e me levava a dançar com ela.
A música acabou. E ela sorria feliz. Chegou-se a mim, e disse que tinha dançado bem. Perguntou-me se queria dançar com ela no baile do final de ano. Tentei disfarçar a minha desilusão, e apenas disse:
-Não. Não danço tão bem como tu. Mas conheço quem te possa levar. Um amigo. Dança muito bem, e com o qual farás a melhor das figuras, ali, no salão a dançares.
Ela disse obrigado. Afastei-me. Não sei se ainda sorria, ou se estava triste com a minha resposta. Não nasci para dançar. Seria uma afronta dançar com alguém tão perfeito. Pois a dança é artística, mágica, flúi como a água numa corrente. Será que ela também pensa assim?”
Desajeitado, tropeçava e tentava fazer boa figura. Dizia alto os passos de dança. Olhava para os meus pés atentamente de modo a não a pisar. Mas tudo o que tentasse fazer, apenas piorava a minha figura. Ela contudo, não se preocupou. Pediu para deixar de olhar para os seus pés, que colocasse a mão fixa nas minhas costas e que relaxasse. Os meus ossos não me obedeciam, e dentro de mim apenas uma voz ecoava, a sua.
Levantei o olhar e contemplei o seu corpo. Puxei contra mim e coloquei a minha mão nas suas costas. Abrandei a minha respiração e deixei de repetir cada passo. Ela olhava para alto, para os meus olhos. Comandava a dança. Cada passo, perfeito. Rodava e pulava para o lado angelicamente. Por vezes um erro ou dois da minha parte, mas ela nem ouvia as minhas desculpas e deixava assim a dança fluir. Sorria e sincronizava a bela dança. E eu, levado por ela, até parecia saber dançar.
Não sabia para onde olhar. Ela tinha os olhos fixos em mim. Percorria o meu corpo simultaneamente querendo que a dança fosse perfeita. Perdi-me do tempo, e a musica não teria fim. Olhei á minha volta. Todos dançavam. Também desajeitados os parceiros tentavam obedecer ao controlo delas. Elas que pareciam nascer para a dança. Nascer para se moverem de um modo tão terno e divinal. E assim a dança progredia. Tentei esquecer o facto de me sentir suar. De me sentir perto de uma falésia, como se fosse cair. E a minha única salvação, era uma mão pequena que me agarrava, e me levava a dançar com ela.
A música acabou. E ela sorria feliz. Chegou-se a mim, e disse que tinha dançado bem. Perguntou-me se queria dançar com ela no baile do final de ano. Tentei disfarçar a minha desilusão, e apenas disse:
-Não. Não danço tão bem como tu. Mas conheço quem te possa levar. Um amigo. Dança muito bem, e com o qual farás a melhor das figuras, ali, no salão a dançares.
Ela disse obrigado. Afastei-me. Não sei se ainda sorria, ou se estava triste com a minha resposta. Não nasci para dançar. Seria uma afronta dançar com alguém tão perfeito. Pois a dança é artística, mágica, flúi como a água numa corrente. Será que ela também pensa assim?”
domingo, 8 de julho de 2007
Música para ouvir: Editors - Smoke outside the hospital doors
Pull the blindfold down
So your eyes can't see
Now run as fast as you can
Through this field of trees
Say goodbye to everyone
You have ever known
You are not gonna see them ever again
I can't shake this feeling I've got
My dirty hands, have I been in the wars?
The saddest thing that I'd ever seen
Were smokers outside the hospital doors
Someone turn me around
Can I start this again?
How can we wear our smiles
With our mouths wide shut
'Cause you stopped us from singin'
I can't shake this feeling I've got
My dirty hands, have I been in the wars?
The saddest thing that I'd ever seen
Were smokers outside the hospital doors
Someone turn me around
Can I start this again?
Now someone turn us around
Can we start this again?
We've all been changed
From what we were
Our broken parts
Left smashed off the floor
I can't believe you
If I can't hear you
I can't believe you
If I can't hear you
We've all been changed
From what we were
Our broken parts
Smashed off the floor
We've all been changed
From what we were
Our broken parts
Smashed off the floor
Someone turn me around
(We've all been changed from what we were)
Can I start this again?
(Our broken parts smashed off the floor)
Now someone turn us around
(We've all been changed from what we were)
Can we start this again?
(Our broken parts smashed off the floor)
(Nota pessoal: A voz dele faz lembrar David Fonseca, e tem um toque que torna a música fantástica.)
O mundo é normal
Se o mundo é normal para quê ser anormal? Todas as coisas rolam como se o mundo se tratasse de uma montanha. Somos apenas pedras, á espera da derrocada. O mundo é normal, porquê ser anormal? Se todos são algo, alguns orgulham-se de não o ser. Se todos são alguém, alguns orgulham-se de nunca o terem sido. Se o mundo é redondo, e descendemos de macacos, alguns orgulham-se de o contradizer. E tudo progride, tudo segue, e nós continuamos uma pedra á espera dessa longa derrocada.
Tudo tem uma lógica. Qualquer pessoa procura justificar-se das suas atitudes. Procura dizer, de uma maneira lógica ou ilógica, a razão das suas atitudes. E a verdade é que nem tudo tem razão de ser. O mundo é de facto normal, nós é que teimamos em torná-lo anormal. Porque gostamos da diferença, da dificuldade, da lição de moral depois de cometermos o erro. Criamos e evoluímos. E o mundo torna-se menos normal.
Ninguém gosta de ser normal. Talvez gostem os velhos do Restelo, teimando que o bom seria manter o passado. Pois aí, talvez fossemos todos normais. Talvez se todos conservássemos o passado. Se a evolução estagnasse talvez deixássemos de tentar ser diferentes. A diferença provém do comum. E hoje, hoje o mundo é uma aldeia global. Ou pelo menos luta para o ser. E se o mundo se irá tornar num globo todo igual, então aí explodiremos as nossas diferenças, ai seremos todos menos como somos hoje. Aí, iremos seguir aqueles que consideramos diferentes.
Hoje, está em voga ser diferente. Esquecer a normalidade e tomar uma posição: ser diferente. Mas diferente do quê? Daquilo que querem que sejamos, ou igual àqueles que consideras diferentes? E são eles diferentes do quê? De ti? Procuramos sobressair. Procuramos fazer-nos notar. Fazer-nos ouvir. E damos connosco a ser quem nunca gostaríamos de ter sido. E apenas o somos, para sermos diferentes. O mundo é normal, lutamos pela sua diferença. E enquanto uns lutam para se imortalizar, outros lutam por quem nada tem. Enquanto uns criam para tornar a nossa vida diferente outros trabalham para manter tudo em pé. Enquanto uns vendem o corpo outros curam quem está doente. O mundo está cheio de diferenças. E contudo é normal. Porquê lutarmos pelas nossas diferenças? Somos todos dignos da vida. Mas apenas alguns têm direito a vive-la.
Tudo tem uma lógica. Qualquer pessoa procura justificar-se das suas atitudes. Procura dizer, de uma maneira lógica ou ilógica, a razão das suas atitudes. E a verdade é que nem tudo tem razão de ser. O mundo é de facto normal, nós é que teimamos em torná-lo anormal. Porque gostamos da diferença, da dificuldade, da lição de moral depois de cometermos o erro. Criamos e evoluímos. E o mundo torna-se menos normal.
Ninguém gosta de ser normal. Talvez gostem os velhos do Restelo, teimando que o bom seria manter o passado. Pois aí, talvez fossemos todos normais. Talvez se todos conservássemos o passado. Se a evolução estagnasse talvez deixássemos de tentar ser diferentes. A diferença provém do comum. E hoje, hoje o mundo é uma aldeia global. Ou pelo menos luta para o ser. E se o mundo se irá tornar num globo todo igual, então aí explodiremos as nossas diferenças, ai seremos todos menos como somos hoje. Aí, iremos seguir aqueles que consideramos diferentes.
Hoje, está em voga ser diferente. Esquecer a normalidade e tomar uma posição: ser diferente. Mas diferente do quê? Daquilo que querem que sejamos, ou igual àqueles que consideras diferentes? E são eles diferentes do quê? De ti? Procuramos sobressair. Procuramos fazer-nos notar. Fazer-nos ouvir. E damos connosco a ser quem nunca gostaríamos de ter sido. E apenas o somos, para sermos diferentes. O mundo é normal, lutamos pela sua diferença. E enquanto uns lutam para se imortalizar, outros lutam por quem nada tem. Enquanto uns criam para tornar a nossa vida diferente outros trabalham para manter tudo em pé. Enquanto uns vendem o corpo outros curam quem está doente. O mundo está cheio de diferenças. E contudo é normal. Porquê lutarmos pelas nossas diferenças? Somos todos dignos da vida. Mas apenas alguns têm direito a vive-la.
sexta-feira, 6 de julho de 2007
Canto sem encanto: Criança na praia
Era nova. Era uma menina. Os seus cabelos eram castanhos de madeixas loiras. Estava na praia. A sua pele era bronzeada. Era nova. Era magra. Brincava na praia. A praia estava cheia de gente. Cheia de barulho. Construções. Comboio. Conversas. E ela não se importava. Apenas brincava. Corria e pulava sozinha. Pegava uma mão cheia de areia e com força lançava para o mar. Uma e outra vez o fazia. Sem sentido. Sem razão. Apenas lançava areia para o mar. Talvez o castigasse. De vez em quando parava de o fazer. Olhava para a imensidão do mar. Não o olhava com dúvida ou medo. Apenas o olhava. Seria impossível saber o que pensava. E mais uma vez brincava na areia. As pessoas olhavam-na. Tinham prazer em vê-la correr. Como uma dança em pleno mar. Como se ela parasse o tempo. Sem problemas. Sem dores. Sem horas de entrada. Sem horários de televisão. Sem engarrafamentos em estradas. Vê-la andar e pular fazia tudo parar. Como se o riso e brincadeira de uma criança resumissem a humanidade. O mundo era ela. Ela era o mundo.
Brincava e sorria. A mãe olhava-a preocupada. Tinha mais duas crianças a seu lado. Mas não brincavam como a sua mana. Estavam sentadas na toalha. Olhavam a areia com medo. Afastavam-se do sol. Olhavam apenas para a areia. Como se ela fosse saltar para cima deles. Não queriam saber de toda a gente da praia. Não tinham prazer em olhar para as outras pessoa. Toda a gente na praia olhava a sua volta. Á procura de uma visão atraente. Á procura de esquecer o calor do sol. A criança contudo continuava a brincar na areia. Pegava em areia e lançava para a praia. Corria rapidamente pelas pessoas lançando água e areia para cima delas. Não queria saber. Apenas queria correr e pular na areia. Como se o mundo fosse ela. E nenhuma preocupação a aborrecesse. A mãe por fim quebrou a dança e disse:
“Vamos para casa, arruma os teus brinquedos sim?”
Sem dizer uma palavra fez o que a mãe disse sem preocupações pois amanhã é mais um dia e o mundo é dela.
Brincava e sorria. A mãe olhava-a preocupada. Tinha mais duas crianças a seu lado. Mas não brincavam como a sua mana. Estavam sentadas na toalha. Olhavam a areia com medo. Afastavam-se do sol. Olhavam apenas para a areia. Como se ela fosse saltar para cima deles. Não queriam saber de toda a gente da praia. Não tinham prazer em olhar para as outras pessoa. Toda a gente na praia olhava a sua volta. Á procura de uma visão atraente. Á procura de esquecer o calor do sol. A criança contudo continuava a brincar na areia. Pegava em areia e lançava para a praia. Corria rapidamente pelas pessoas lançando água e areia para cima delas. Não queria saber. Apenas queria correr e pular na areia. Como se o mundo fosse ela. E nenhuma preocupação a aborrecesse. A mãe por fim quebrou a dança e disse:
“Vamos para casa, arruma os teus brinquedos sim?”
Sem dizer uma palavra fez o que a mãe disse sem preocupações pois amanhã é mais um dia e o mundo é dela.
quinta-feira, 5 de julho de 2007
Frases perdidas na mente IV
A beleza é nossa. Ninguém te deve dizer o que é belo e o que não é. 6-30-2007
A lua cheia desaparece por entre nuvens brancas numa noite escura. Será normal? 6-30-2007
Estamos aqui numa de curtir a vida e o que ela dá. 7-1-2007
Vamos sempre ser impotentes para várias situações na vida. 7-2-2007
Se fosse possível partir do zero, ninguém teria passado. 7-5-2007
Somos altruístas quando nos convém. Somos heróis quando só temos a ganhar. Somos poetas quando a vida não tem propósito. 7-5-2007
A lua cheia desaparece por entre nuvens brancas numa noite escura. Será normal? 6-30-2007
Estamos aqui numa de curtir a vida e o que ela dá. 7-1-2007
Vamos sempre ser impotentes para várias situações na vida. 7-2-2007
Se fosse possível partir do zero, ninguém teria passado. 7-5-2007
Somos altruístas quando nos convém. Somos heróis quando só temos a ganhar. Somos poetas quando a vida não tem propósito. 7-5-2007
quarta-feira, 4 de julho de 2007
Inspiração para intelectuais
A inspiração provém de tudo. Sempre que escrevo, oriento-me pelo nada. Não tenho ideias. Mas elas surgem. Como se a minha mente estivesse a dizer um ditado, e eu, sou o seu aluno aplicado, que escrevo com cuidado para não cometer erros e acompanhar o orador. E a inspiração voa. Claro que não surge do nada. Não somos deus que cria um universo e uma humanidade sem bases, sem músicas que inspiram, sem livros que contam historias. A todo o momento a inspiração aborda-nos. Quer seja por uma pessoa estranha. Por versos de um poeta. Ou pelo som de uma música. Quando nos inspiramos, criamos.
Será que somos intelectuais, quando criamos? Somos mais que o normal? Nem todos criam. Constantemente a mente faz nos tomar uma série de atitudes, reacções. Mas isso, não é criar, é reagir. Criar, é algo tão diferente. Tão mais pessoal, mais criativo, mais único. Quando criamos somos donos de tudo. Somos intelectuais. Somos acima de qualquer um. Porque somos artistas. Somos poetas inspirados. Heróis da noite e do dia. Somos alguém. Mas criar, não faz de nós alguém melhor.
A fama não é o prémio pela nossa criação. Mas a mudança nas pessoas. Podermos ajudar alguém a crescer, a não cometer os mesmos erros que nós. Isso sim é o verdadeiro intuito da inspiração. Da criação. Pelo menos é assim que o vejo. Crio, a escrever. Escrevo talvez mais para retratar sentimentos. Coisas que vejo. Coisas que sinto. Passo para o papel. E no fim, dá um resultado.
A minha inspiração provém das pessoas. Da vida. Da experiência. Das sensações. Dos sentimentos. Tal como a de todos nós. Não são apenas os inspirados aqueles que escrevem ou pintam. São inspirados aqueles que se impõem. São inspirados aqueles que colocam o bem comum a frente do seu. São inspirados aqueles que tomam uma posição. Que defendem um ideal. Que conversam a olhar nos olhos. Que sabem falar. Que sabem se fazer ouvir. Que são verdadeiros. Influentes. Persuasivos. Únicos. Todos somos únicos, mas apenas alguns de nós admitimos o ser. Porque os outros, acham-se pobres de espírito. Inúteis. Massacrados e maltratados. No fundo, são apenas tolos, pois não admitem que tudo está as suas mãos, basta-lhes agarrar.
Será que somos intelectuais, quando criamos? Somos mais que o normal? Nem todos criam. Constantemente a mente faz nos tomar uma série de atitudes, reacções. Mas isso, não é criar, é reagir. Criar, é algo tão diferente. Tão mais pessoal, mais criativo, mais único. Quando criamos somos donos de tudo. Somos intelectuais. Somos acima de qualquer um. Porque somos artistas. Somos poetas inspirados. Heróis da noite e do dia. Somos alguém. Mas criar, não faz de nós alguém melhor.
A fama não é o prémio pela nossa criação. Mas a mudança nas pessoas. Podermos ajudar alguém a crescer, a não cometer os mesmos erros que nós. Isso sim é o verdadeiro intuito da inspiração. Da criação. Pelo menos é assim que o vejo. Crio, a escrever. Escrevo talvez mais para retratar sentimentos. Coisas que vejo. Coisas que sinto. Passo para o papel. E no fim, dá um resultado.
A minha inspiração provém das pessoas. Da vida. Da experiência. Das sensações. Dos sentimentos. Tal como a de todos nós. Não são apenas os inspirados aqueles que escrevem ou pintam. São inspirados aqueles que se impõem. São inspirados aqueles que colocam o bem comum a frente do seu. São inspirados aqueles que tomam uma posição. Que defendem um ideal. Que conversam a olhar nos olhos. Que sabem falar. Que sabem se fazer ouvir. Que são verdadeiros. Influentes. Persuasivos. Únicos. Todos somos únicos, mas apenas alguns de nós admitimos o ser. Porque os outros, acham-se pobres de espírito. Inúteis. Massacrados e maltratados. No fundo, são apenas tolos, pois não admitem que tudo está as suas mãos, basta-lhes agarrar.
terça-feira, 3 de julho de 2007
Poetry that does not rhyme: Famous people
They bring big thorns.
They throw everything around.
They get no reward.
No prize for their violent games.
And still they go on.
They never give up.
They play all day to be the best.
People admire them all the time.
They seem them like heroes.
Like they saved them all.
And still they’re no more then us.
They’re just humans.
Used to their life’s of craziness.
Buying strange things all the time.
They are strange.
They have their odd habits.
If they are hill its news.
If they are sad its news.
If they walk its news.
Everything is a reason for more money.
And we just keep on trying.
Get rich or die.
We suck all the contact they give us.
Us, the pure mortals.
Not famous.
Not healthy.
We work hard for an appreciation of our family.
They work a bit for the love of thousands.
They throw everything around.
They get no reward.
No prize for their violent games.
And still they go on.
They never give up.
They play all day to be the best.
People admire them all the time.
They seem them like heroes.
Like they saved them all.
And still they’re no more then us.
They’re just humans.
Used to their life’s of craziness.
Buying strange things all the time.
They are strange.
They have their odd habits.
If they are hill its news.
If they are sad its news.
If they walk its news.
Everything is a reason for more money.
And we just keep on trying.
Get rich or die.
We suck all the contact they give us.
Us, the pure mortals.
Not famous.
Not healthy.
We work hard for an appreciation of our family.
They work a bit for the love of thousands.
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Diário de uma corrida
“Estou a correr. Cada passo segue-se por outro. Quase nem os controlo. Apenas me desloco. A dor não existe. A respiração é perfeita. O meu andar é tão sincronizado. O vento alegra-me um pouco a face. Cada passo me faz mais próximo do meu objectivo. Seria me impossível parar de correr. O fim é a meta. É o objectivo final. É o meu único desejo de momento. O pensamento não existe agora. A dor não pode existir. A distracção não existe agora. O fim não pode existir.
O caminho é longo, mais vale segui-lo sem parar. Sem pensar em abrandar. Sem pensar em deixar de correr. A vida é um caminho. E neste momento eu corro numa corrida que chama mos de vida. O caminho nunca é curto. Todos os passos são certeiros. Todo o pensamento funciona perfeitamente. Tudo corre bem, quando corremos. O mundo cá fora não existe. Quando corremos tudo é diferente.
Os pés andam perfeitamente. Cada um segue o outro. Ambos se movem com uma perfeição única. As mãos movem o corpo em pequenas curvas que me fazem correr mais facilmente e perfeitamente. Nada me pode impedir de correr. Sei que corro sobre um piso não tão certo, não tão perfeito. Que poderei tropeçar e destruir toda a corrida. Sei que se algo correr mal, se algo me distrair, não serei capaz de continuar. Mas não posso pensar assim. Não posso.
A mente é tão única. Faz tudo andar. Somos completos altruístas. Porque quando corremos, só nós existimos. Parece que corremos num mundo distante, noutro universo. Sem nada á nossa volta. E o nosso único propósito correr. A dor não pode existir. Os passos são tão perfeitos que nem parece que os damos. Como se quiséssemos parar de correr, mas a mente não o quisesse. Pois o fim da corrida não está próxima e só o fim pode parar esta frenética corrida. Temos de seguir. Continuar a correr. De uma maneira tão perfeita e honesta. Somos humanos, e corremos.
Estou a correr. Cada passo segue o anterior. Não vou cair, não vou parar.”
O caminho é longo, mais vale segui-lo sem parar. Sem pensar em abrandar. Sem pensar em deixar de correr. A vida é um caminho. E neste momento eu corro numa corrida que chama mos de vida. O caminho nunca é curto. Todos os passos são certeiros. Todo o pensamento funciona perfeitamente. Tudo corre bem, quando corremos. O mundo cá fora não existe. Quando corremos tudo é diferente.
Os pés andam perfeitamente. Cada um segue o outro. Ambos se movem com uma perfeição única. As mãos movem o corpo em pequenas curvas que me fazem correr mais facilmente e perfeitamente. Nada me pode impedir de correr. Sei que corro sobre um piso não tão certo, não tão perfeito. Que poderei tropeçar e destruir toda a corrida. Sei que se algo correr mal, se algo me distrair, não serei capaz de continuar. Mas não posso pensar assim. Não posso.
A mente é tão única. Faz tudo andar. Somos completos altruístas. Porque quando corremos, só nós existimos. Parece que corremos num mundo distante, noutro universo. Sem nada á nossa volta. E o nosso único propósito correr. A dor não pode existir. Os passos são tão perfeitos que nem parece que os damos. Como se quiséssemos parar de correr, mas a mente não o quisesse. Pois o fim da corrida não está próxima e só o fim pode parar esta frenética corrida. Temos de seguir. Continuar a correr. De uma maneira tão perfeita e honesta. Somos humanos, e corremos.
Estou a correr. Cada passo segue o anterior. Não vou cair, não vou parar.”
domingo, 1 de julho de 2007
Música para ouvir: Fredo Viola - The Sad Song
(Nota pessoal: Música para deixar tocar e colocar no replay, vezes e vezes sem conta.)
sábado, 30 de junho de 2007
Perdido no meio de algures
Decisões são para se tomar de ânimo leve. Contudo a vida está cheia de más decisões e péssimas conclusões. E é perdido no meio de nenhures que acabo por perceber essa grande falha. Ás vezes é preciso perdermos o rumo para percebermos que estávamos a seguir o errado. E é assim que conclui que tomei o lado errado, mais uma vez. Mas pronto, sem crises, a vida é mesmo assim. Pelo menos é o que dizem os actores nos filmes e os escritores nos livros. Usam aquelas frases feitas e embelezam isto tudo que chamamos de vida. Faz parte.
È assim. Estou perdido. No meio de uma aldeia no norte. Menos de cinquenta pessoas num raio de um quilometro. Todos se conhecessem. E eu, não conheço ninguém. Árvores tapam tudo quanto é vista. O vento é puro e as casas têm tinta a cair. As raparigas não são bonitas. Os velhos não estão conservados. E eu não tenho paciência. A solidão do nada sempre me confundiu. Não me preenche. Aprecio a solidão, sempre apreciei. Mas gosto de ter algo para me agarrar. Gosto de estar sozinho, mas ter algo para fazer, algo para me preencher. E assim, não estou de facto sozinho. É a cura para a solidão que tanto procuro. È tudo muito confuso. Mas quem não o é?
No fundo, é aqui, perdido no meio de nenhures, cheio de compromissos, sem hormonas para usar, sem mente para trabalhar, sem inspiração para criar, que me sinto vazio. O vazio deu-me respostas, disse-me o mal que fiz. Disse-me a estupidez que disse. As decisões que tomei. As falhas no meu processo de me tornar um humano. Sou portanto, um falhado. Acho que todas as minhas falhas poderiam ser tratadas, se eu nascesse com um grilo falante. Se eu tivesse uma consciência que se manifestasse. E contudo, não a tenho.
Todos os que me conhecem tentam ser a minha consciência. Tentam me dizer o que está certo e errado. A questão é que nisso sou igual a toda a gente. Deixemo-nos de mentiras. Todos sabemos o que está certo e o que está errado. Não somos crianças. Sabemos a melhor coisa a fazer, sempre. Sabemos a pior coisa a fazer, sempre. E contudo, fazemos o que queremos. Nem sempre o mais correcto, nem sempre o mais humano. Mas a nossa decisão. E se nos respeitamos, então não guardamos rancor, então não temos remorsos. Cometemos erros, sim. Temos sangue frio para os superar. Temos inteligência para os remediar, mas não deveremos ter remorsos. Fizemos o que fizemos, porque quisemos, e apenas porque o quisemos. Não somos pobres idiotas sem vontade própria. Não somos movidos por um destino já escrito num velho papiro perdido pela Ásia. Somos humanos. Temos vontade própria. Tomemos então, as nossas decisões, quer sejam más ou boas.
È assim. Estou perdido. No meio de uma aldeia no norte. Menos de cinquenta pessoas num raio de um quilometro. Todos se conhecessem. E eu, não conheço ninguém. Árvores tapam tudo quanto é vista. O vento é puro e as casas têm tinta a cair. As raparigas não são bonitas. Os velhos não estão conservados. E eu não tenho paciência. A solidão do nada sempre me confundiu. Não me preenche. Aprecio a solidão, sempre apreciei. Mas gosto de ter algo para me agarrar. Gosto de estar sozinho, mas ter algo para fazer, algo para me preencher. E assim, não estou de facto sozinho. É a cura para a solidão que tanto procuro. È tudo muito confuso. Mas quem não o é?
No fundo, é aqui, perdido no meio de nenhures, cheio de compromissos, sem hormonas para usar, sem mente para trabalhar, sem inspiração para criar, que me sinto vazio. O vazio deu-me respostas, disse-me o mal que fiz. Disse-me a estupidez que disse. As decisões que tomei. As falhas no meu processo de me tornar um humano. Sou portanto, um falhado. Acho que todas as minhas falhas poderiam ser tratadas, se eu nascesse com um grilo falante. Se eu tivesse uma consciência que se manifestasse. E contudo, não a tenho.
Todos os que me conhecem tentam ser a minha consciência. Tentam me dizer o que está certo e errado. A questão é que nisso sou igual a toda a gente. Deixemo-nos de mentiras. Todos sabemos o que está certo e o que está errado. Não somos crianças. Sabemos a melhor coisa a fazer, sempre. Sabemos a pior coisa a fazer, sempre. E contudo, fazemos o que queremos. Nem sempre o mais correcto, nem sempre o mais humano. Mas a nossa decisão. E se nos respeitamos, então não guardamos rancor, então não temos remorsos. Cometemos erros, sim. Temos sangue frio para os superar. Temos inteligência para os remediar, mas não deveremos ter remorsos. Fizemos o que fizemos, porque quisemos, e apenas porque o quisemos. Não somos pobres idiotas sem vontade própria. Não somos movidos por um destino já escrito num velho papiro perdido pela Ásia. Somos humanos. Temos vontade própria. Tomemos então, as nossas decisões, quer sejam más ou boas.
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