segunda-feira, 16 de abril de 2007

Diário de um escritor

“Apenas consigo escrever quando estou triste. Apenas consigo escrever quando o sentimento que perdura no meu ser é de dor. A minha inspiração provém da dor. Pedem-me para escrever coisas felizes, mas sou incapaz. É a minha infelicidade que provoca a inspiração, logo é me impossível escrever quando estou feliz. Porque quando estou triste, as palavras saem como o vento de uma corrente de ar. Porque quando odeio o mundo sinto-me imortal. Capaz de voar, capaz de dizer tudo, capaz de odiar todo o mundo. Fico sem suporte e consigo escrever. Escrevo sobre a dor. Escrevo sobre a solidão. Escrevo sobre a morte.
Por vezes não me sinto triste. Por vezes não consigo escrever, porque me sinto feliz. Logo, forço a dor. Saco de todos os meus sentimentos tristes. Ouço música negra. Irónica e assassina. Começo a ganhar vontade de partir tudo a minha volta. E o desejo de me cortar e me maltratar começa a surgir como uma opção viável. Sinto-me cada vez pior, cada vez mais com vontade de me matar, de me isolar, de me maltratar. Respondo mal, magoou as pessoas que me rodeiam.
E depois de tanta dor e tanta destruição, ganho inspiração. E no meu mundo destruído, saco de uma lapiseira e começo a escrever. Por quanto tempo, não sei. Mas o suficiente para sair algo. Algo escrito, algo inspirado, algo doente e mórbido. Só assim sei escrever.”

1 comentário:

_+*Ælitis*+_ disse...

E eu apenas consigo avançar no meu livro "James" no verão... sozinha... beijos!