sábado, 28 de abril de 2007

Sou humano

Sou humano e não o digo pelos meus defeitos ou condição. Sou humano. Também oiço músicas foleiras e passam dias que me envergonho a mim mesmo. Mas no fundo, estou me a foder para esse facto. Já houve alturas em que odiava a ideia de ser humano. Ter os mesmos defeitos. As mesmas tendências As mesmas porcarias de sentimentos, que todos os outros têm. Sempre fugi da minha humanidade. E agora admito ser humano.
Sou um caraças de um humano. Ando de Táxi e como hamburgers. Sou humano. Saiu á noite e fico boquiaberto a ver tantos rabos de saia juntos. Sou humano. Oiço músicas foleiras e tenho ódio de quem sou. Sou humano. Finjo ser alguém que não sou vezes e vezes sem conta. Sou humano. Já bebi demais e vomitei. Sou humano. Nunca fumei nem penso fumar num futuro próximo. Sou humano. Ás vezes sou tímido e patético. Sou humano.
Sou humano.
Sou humano?
Bela conclusão. Agora, não estou arrependido. Não estou. Foi essa a condição que me deram e é quem sou. Costumo gostar de o ser. Ás vezes irrito-me. Dão me certos vaipes e começo a maltratar as pessoas. Gostava de ser diferente. Gostava de ser mais educado. Gostava de ser mais atencioso. Gostava de ser mais amigo. Gostava de saber tocar algum instrumento. Gostava de publicar um livro. Gostava de aprender a “surfar”. Gostava de fazer uma tatuagem a dizer “Cogito, Ergo Sum” no meu pulso. Gostava de saber fritar um bife. Gostava de conseguir correr mais rápido. Gostava de dar sangue. Gostava de partilhar uma casa com alguém da minha idade. Gostava de fazer um filme, uma música, uma obra de arte. Gostava de me rir mais. Gostava de não ser idiota. Gostava de por o passado ás costas. Gostava de dar um beijo em alguém que gosto. Gostava de abraçar alguém á chuva.
E qual é o problema? Que te impede de fazer tudo aquilo que gostas? És humano. Usas calças de ganga dois números acima do que precisas. Usas uma t-shirt diferente todos os dias. Já não usas relógio no pulso esquerdo. Usas uma pulseira diferente cada ano no pulso direito. Usas roupa a condizer. Usas aquilo que mais te convém para ultrapassar os obstáculos.
Apenas uma coisa me impede de fazer o que gostaria de fazer. Eu mesmo. A vida foi me oferecida. A minha nação não está em guerra. As ruas não são um perigo constante. Tenho tecto e cama onde dormir. Tenho amigos e cultura. Família e literatura. O mundo foi me dado. Todas as oportunidades foram me atiradas para a frente. Basta-me escolher. Tudo está ao meu alcance. O que me impede? Eu mesmo. Resta-me ultrapassar esse patético obstáculo e ir até onde quero ir. A todo o lado e a lado algum. Ao espaço e voltar. Á vida que escolhi e que quero ter. Basta-me ultrapassar-me. Apenas isso… Basta-me negar o que não quero, e abraçar o que sempre quis.

1 comentário:

_+*Ælitis*+_ disse...

O ser humano as vezes esquece-se dessa condicao de humano e aponta erros nos outros que carrega as vezes em si proprio... e so ele nao se da conta... e é uma lastima...