sábado, 23 de junho de 2007

Vale sempre a pena

Á meses atrás, seria incapaz de o dizer, mas a verdade, é que vale sempre a pena. Vale a pena arriscar. Vale a pena falar. Vale a pena confiar. Vale a pena viver.
A vida é tão vasta, que seria patético morrer tão cedo. Não escolhemos a idade com que morremos. Mas sempre teimei em um dia ter o privilégio de a escolher. A morte sempre me confundiu. Pensava, no meu subconsciente, que a morte era uma passagem. Um teleporte para outra dimensão. Nunca de inferno ou paraíso, mas para outro sitio. Como se todos nós soubéssemos que um dia partiríamos para esse mundo. E assim, a morte nunca me confundiu a mente. Contudo, agora, sinto-me vivo. Sinto que vale a pena continuar.
A verdade é que sou novo. A vida está toda á minha frente. Mil e uma opções para escolher. Mil e um caminhos para percorrer. Mil e um amigos para acompanhar. A eternidade, a eternidade que tantos lutam para um dia alcançar, é já nossa. Nós controlamos a eternidade. Se tomamos uma decisão, poderemos leva-la connosco para a cova. Se guardamos um segredo, podemos mantê-lo até morrer. Sempre fomos eternos. Provavelmente, não estaremos aqui para ver os nossos bisnetos chegarem á faculdade. Somos feitos de incertezas. Mas a verdade, é que depende de nós, alguma vez termos bisnetos. Depende de nós, continuarmos a ser amigos de quem somos. Depende de nós tudo…o que tenha a ver connosco. Somos nós que fazemos o nosso caminho.
Guardo rancor, sim. Gosto de deixar de falar com as pessoas que conheço. Porquê? Porque me sinto eterno. Porque para sermos eternos, temos de nos privar de algo. A eternidade é nossa, se depender apenas de nós. Mas se confiarmos em alguém. Se acreditarmos em alguém, então somos mortais. Não há certezas neste mundo. Não pode haver. E isso torna tudo mais interessante. Isso torna tudo mais nosso. A música é nossa. A arte é nossa. As ruas são nossas. A poesia é nossa. A vida…essa já não posso dizer o mesmo.
Mas de resto, tudo é nosso. E vale sempre a pena tirar o máximo do que é nosso. Quem sabe um dia não poderemos usar aquilo que temos? Quem sabe um dia ficamos paralisados do pescoço para baixo? E aí, basta-nos chorar, pois já não podemos andar. Mas será que isso deve ser razão para morrermos? Não. Nada deve ser suficientemente mau para nos por fim á vida. Vale sempre a pena tentar. Vale sempre a pena inovar. Vale sempre a pena inventar. Que recordemos o passado, com uma gargalhada e uma lágrima. Que vivamos o presente com um sorriso e esforço. Que pensemos no futuro com esperança e sonhos.
A vida, essa, é agora. Somos limitados. Não somos heróis ou poetas. Somos humanos. Defeitos não nos faltam. Mas quem pode lançar a primeira pedra? Eu sei que não posso. E é por isso que repito, vale sempre a pena. O pior que nos pode acontecer? Morrermos e voarmos de teleporte para outra dimensão, outro universo, outro lugar. Sem dor, vivamos.

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