quarta-feira, 25 de abril de 2007

Fiquei sem tempo

O tempo cortou-se. Num momento a vida parece ser uma recta certa e direita. E do nada perdemos o sentido. Uma linha paralela corta-nos o juízo e perdemos o caminho certo. Começamos, como loucos a filosofar. Dizemos que a vida é igual a um jogo de virtual e não o oposto. Começamos a julgar e a ser julgados. Apenas porque nos perdemos do caminho que gostaríamos de seguir.
Já por varias vezes, dei por mim perdido. Longe do caminho que gostaria de ter seguido. Longe do mundo que tinha escolhido. Longe do universo que gostaria de percorrer. E não sou o único. Constantemente nos perdemos do nosso caminho. Infelizmente não podemos contar com migalhas ou pedrinhas no chão. Esperamos algo. Algo, algo que nos indique o melhor caminho a seguir. Estamos, quase sempre, no caminho errado. Podemos até julgar que é o certo. Podemos até achar que não haveria nada mais correcto a fazer. E só o percebemos quando a realidade nos acerta como um tiro na nossa mente. Uma bala perdida a furar a cabeça de um lado a outro.
E no fundo estamos perdidos. Perdidos na imensidão do nosso deserto. O subconsciente procura por um oásis secreto. E somos uns viciados no tudo do nada. Somos patéticos. Estou desiludido. Desiludido porque é indignado que digo:
“Fiquei sem tempo.”
Sem tempo para cuidar dos meus amigos. Sem tempo para responder a quem se interroga. Sem tempo para apoiar quem me adorava. Sem tempo para manter amizades. Sem tempo para ser quem era. Sem tempo para escrever. Sem tempo para sorrir. Sem tempo para abraçar. Sem tempo para respirar. Sem tempo para correr. Sem tempo para sobreviver. Sem tempo para falar. Sem tempo para beijar. Ah, beijar.
Fiquei sem tempo. Sem tempo para nada. A rotina cortou-me o tempo. Cortou-me os costumes. Cortou-me a alma. Cortou-me os pulsos. E agora, sem rumo ou preconceito digo:
“Fiquei sem tempo.”

2 comentários:

Teresa disse...

O texto inteiro, mas sobretudo o último parágrafo, deixa nas pessoas, ou deixou-me pelo menos a mim, com aquela sensação de "falta de ar"... Gosto do que escreves!!

Jinhos

Rita Duarte disse...

:| Posso-me atrever a dizer que esse texto sou? Fiquei sem tempo, sem vontande e perdida no mundo. Este texto sou eu.

Acho que ao mudares de maneira de escrita mudaste-te a ti também, logo só tu me podes dizer se achas ser bem ou não. :]