quinta-feira, 17 de maio de 2007

Cesário Verde e a sua obra

Estava, inicialmente, muito pouco ligado á obra de Cesário Verde. Não tenho facilidade em analisar poesia, ou mesmo em saber apreciá-la. Tenho um irmão com tendências poéticas, tal como a professora sabe. E sendo assim, sempre deixei os meios “poéticos” para ele. Também eu escrevo, mas prefiro escrever textos largos. Pensamentos e profundas reflexões sobre o mundo.

Mas tentando não fugir ao tema, repito, não sei apreciar poesia. E portanto, julguei que Cesário Verde não fosse uma excepção. Pensei que fosse mais um poeta português, dos muitos que a minha nação alberga (Graças a Deus!). E contudo, ao ler Cesário Verde, consegui descobrir o seu brilho. Verdade seja dita que os poucos poetas que já tinha tido o prazer de ler, eram épicos (Camões) ou míticos (Pessoa), e de ambos, pouco ou nada consegui apreciar. Nem mesmo consegui apreciar, pois tanto se dizia bem de ambos que até me sentia intimidade em expressar a minha opinião as suas obras. Como se um comentário a tais obras fantásticos fosse mal recebido e mesmo renegado.

Portanto ao ler Cesário Verde, consegui perceber um pouco esse brilho que ostenta. Sei contudo que não é assim que o conseguirei apreciar. Por muito que o tente ler e até mesmo julgar, a obra de Cesário Verde não encaixa. Tanta é a pressão de ler e analisar para conseguir corresponder ás análises feitas nas aulas, que receio não conseguir tirar o máximo de tal obra. Dos vários poemas que li, apenas a ideia de tirar notas e conclusões (muitas vezes precipitadas) imperava na minha mente.

Portanto, e receando não corresponder ás expectativas de um futuro teste sobre a obra de Cesário Verde, é com pena que digo, continuo sem saber apreciar poesia. Quero portanto deixar aqui a minha impressão do primeiro poema que li de Cesário Verde: Contrariedades. Tocou-me a maneira como “triste” Cesário Verde conta a sua história. Sendo este recusado por não aceitarem poemas seus, loucamente relata a sua fúria e sentimento. Apreciei especialmente a maneira como a cólera passa ao ver e pensar naqueles que realmente sofrem: o povo. E ao contrário de Eça que mal dizia da sociedade rica e dos luxos, Cesário tenta mostrar os dois lados dessa contenda, tanto dizendo mal dos ricos, como realçando a pobreza do povo. De todos os poemas, este fascinou-me. E espero, um dia mais velho, conseguir ter tempo para realmente apreciar todo o legado de Cesário Verde.

“E estou melhor, passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. É feia…
Que mundo! Coitadinha!”

Poema de Cesário Verde, Contrariedades

10.05.07

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