sábado, 20 de janeiro de 2007

As conversas vulgares de temas mortos

Comentamos, conversamos e dizemos mal do mundo. Discutimos, desprezamos e tiramos conclusões do que nos rodeia. E é assim que vejo as coisas. É nisto que dá ir a um café conversar. Reunir com um amigo e falar de tudo.
É inevitável, sempre que me junto a um amigo, dizemos mal do mundo, da nossa vida e do nosso país. Começo-me a sentir vulnerável a estas conversas. Já sei quem vão ser as vítimas. Ou dizemos mal dos americanos, ou dos nossos políticos. Dizemos mal dos nossos supostos amigos, inimigos, conhecidos e desconhecidos.
Serão nossos temas de conversa, tão limitados? Ao ponto que falamos sempre sobre o mesmo. De abordarmos a miséria no mundo, ou as nossas patéticas vidas? A beber um café, e dizer mal de tudo. Parecemos aquelas velhotas da aldeia. Sempre a dizerem mal umas das outras. A contarem segredos e histórias alteradas.
Seremos todos assim tão mesquinhos? Tão vulgares? Serei eu, um tema de conversa para os outros? Não duvido. Conversamos e julgamos o carácter das pessoas todas que nos rodeiam. Comentamos, aldrabamos e exageramos. Terão os cafés, um efeito estranho nas pessoas? Porque sempre que nos juntamos, somos como que deuses, nada esta acima de nós. E numa simples conversa dizemos mal de toda a gente.
Dizemos o historial de cada pessoa. E julgamo-nos superiores. Terão as conversas com um café na mão, um poder especial? Uma substancia reveladora do que nos vai na alma? Para a próxima peço uma cola. Mas quem diz café diz uma corrida matinal, um encontro num corredor, uma noitada em casa de um amigo, uma saída a noite…
Começo a achar estas conversas como um cancro incurável: damos-lhe muita atenção e esperança, mas sabemos sempre o seu resultado.

Sem comentários: