segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Diário de um Drogado

“Estou sem dinheiro. Hoje vi os meus antigos amigos, ao longe a sorrirem. Todos felizes com os seus ares contentes e alegres. A falarem das suas aulas, dos professores e das notas. Todos feitos pequenos palhaços todos pintados e arranjadinhos como se fossem a um desfile. Com os seus ipods, mp3s e telemóveis de ultima geração. Apenas uma coisa nos dividia, a estrada. Do meu lado eu ficava normal. Estava pedrado, a voar pelas nuvens. Não preciso de ser como eles para ser feliz. Que idiotice! Apetece-me agarrar um e partir-lhe a cara. Apetece-me poder viola-lo e manda-lo a casa pelo correio. São lixo. Olham para mim com desprezo. Acham que são mais que eu? Todos saudáveis com os vossos dentinhos brancos e um beijo para se cumprimentarem. Com as vossas telenovelas e lixo electrónico. Não preciso disso para ser feliz.
Olham-me ao longe. Desviam o olhar.
Tenho inveja deles. Não pelas suas vidas patéticas cheias de notas boas e pais controladores. Pelos vossos sorrisos. E porque não tem necessidade de se drogarem para ser felizes. Já perdi a esperança nesta vida. Apenas sobrevivo. A droga cada vez tem menos efeito e gostava de ser feliz como vocês. Ah, que merda. Fui, se voltar, é porque a droga ainda não me matou.”

2 comentários:

Ana Teresa disse...

Tu vens. Tu regressas. Tu pertences ao "eu" q precisa de ajuda. E nao, eles nao sao mais do q tu. Nos vencemos sempre. Mesmo quando estamos por baixo.

Amizade do sempre recente.

Queenie disse...

Infelizmente quando se aprecebem do que lhes está a acontecer já é bastante tarde. Não me parece que estejas a falar de ti mas pela experiencia que tenho na familia, digo-te que é bem pior do que descreveste aqui.
De qualquer forma, espero que todos eles um dia vejam o quão errados estão, procurem ajuda e se livrem desse vicío que é a droga.

Bjs