segunda-feira, 11 de junho de 2007

Diário do povo

“Trabalhamos dia e noite. Suamos mais que muitos e recebemos menos que todos. Porquê? Será por sermos menos inteligentes? Menos cultos ou bonitos? Uma coisa é certa, somos como todos os outros. Talvez nos pagamos a conta do hospital. Também nos pagamos os nossos impostos. Também nos pagamos dia á dia com a nossa saúde e esforço os duros trabalhos que nos dedicamos a cumprir, o melhor que sabemos e podemos. E contudo, é de opinião comum, que não nos tratam como iguais.
Somos como que o lixo. Os pobres incultos que consumem os programas nacionais e não perdem todos os “reality shows” e os programas de perguntas por milhões de euros. Será que somos menos gente porque consumimos esse tipo de programação? Somos parvos porque vemos programas falados na nossa língua? Porque vemos uma data de gente fechada numa casa vivendo uma vida tão boa e sossegada e a criar problemas onde não existem? Porque gostamos de ver um tipo qualquer ganhar um frigorífico ou um carro?
Que tem a ver com isso? Pouco nos importa o que acham. O que é duro é ver como nos representam. Nós, o motor do nosso país. A maioria trabalhadora. Talvez não mexamos em computadores de alto nível. Talvez não saibamos nomes de doenças em latim. Talvez não gastemos todos os dias pelo menos uma hora a ver uma série de televisão estrangeira. Talvez não estejamos a par das tendências de música ou de moda. Mas temos os nossos gostos. As nossas dores e prazeres. As nossas vidas e opiniões. E não é por isso que somos menos ou mais que os outros.
Gostaríamos que nos dessem o devido valor. Gostaríamos que nos deixassem em par com a nossa música, as nossas notícias na televisão e as galas de famosos. Se é assim que queremos estar, que têm com isso? Gostaríamos que olhassem para nós como deve ser. Que deixassem de nos tratar como alvo de chacota em comédias de televisão. Que deixássemos de ser a mancha nos gráficos e esquemas da economia do nosso país. Se já outrora fomos o futuro, então agora que nos dêem oportunidade de bem educar os nossos filhos. Que esses sim, são o futuro deste nosso país.”

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