sábado, 30 de junho de 2007

Perdido no meio de algures

Decisões são para se tomar de ânimo leve. Contudo a vida está cheia de más decisões e péssimas conclusões. E é perdido no meio de nenhures que acabo por perceber essa grande falha. Ás vezes é preciso perdermos o rumo para percebermos que estávamos a seguir o errado. E é assim que conclui que tomei o lado errado, mais uma vez. Mas pronto, sem crises, a vida é mesmo assim. Pelo menos é o que dizem os actores nos filmes e os escritores nos livros. Usam aquelas frases feitas e embelezam isto tudo que chamamos de vida. Faz parte.
È assim. Estou perdido. No meio de uma aldeia no norte. Menos de cinquenta pessoas num raio de um quilometro. Todos se conhecessem. E eu, não conheço ninguém. Árvores tapam tudo quanto é vista. O vento é puro e as casas têm tinta a cair. As raparigas não são bonitas. Os velhos não estão conservados. E eu não tenho paciência. A solidão do nada sempre me confundiu. Não me preenche. Aprecio a solidão, sempre apreciei. Mas gosto de ter algo para me agarrar. Gosto de estar sozinho, mas ter algo para fazer, algo para me preencher. E assim, não estou de facto sozinho. É a cura para a solidão que tanto procuro. È tudo muito confuso. Mas quem não o é?
No fundo, é aqui, perdido no meio de nenhures, cheio de compromissos, sem hormonas para usar, sem mente para trabalhar, sem inspiração para criar, que me sinto vazio. O vazio deu-me respostas, disse-me o mal que fiz. Disse-me a estupidez que disse. As decisões que tomei. As falhas no meu processo de me tornar um humano. Sou portanto, um falhado. Acho que todas as minhas falhas poderiam ser tratadas, se eu nascesse com um grilo falante. Se eu tivesse uma consciência que se manifestasse. E contudo, não a tenho.
Todos os que me conhecem tentam ser a minha consciência. Tentam me dizer o que está certo e errado. A questão é que nisso sou igual a toda a gente. Deixemo-nos de mentiras. Todos sabemos o que está certo e o que está errado. Não somos crianças. Sabemos a melhor coisa a fazer, sempre. Sabemos a pior coisa a fazer, sempre. E contudo, fazemos o que queremos. Nem sempre o mais correcto, nem sempre o mais humano. Mas a nossa decisão. E se nos respeitamos, então não guardamos rancor, então não temos remorsos. Cometemos erros, sim. Temos sangue frio para os superar. Temos inteligência para os remediar, mas não deveremos ter remorsos. Fizemos o que fizemos, porque quisemos, e apenas porque o quisemos. Não somos pobres idiotas sem vontade própria. Não somos movidos por um destino já escrito num velho papiro perdido pela Ásia. Somos humanos. Temos vontade própria. Tomemos então, as nossas decisões, quer sejam más ou boas.

1 comentário:

Elisheba disse...

"a vida é mesmo assim".......


Não, a vida não TEM DE SER ASSIM!


Abraço de esperança!