sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Um minuto para mim

Às vezes, gostava de poder te pedir um minuto. Um minuto para nos falarmos, conversarmos, abraçarmo-nos. Contudo, não me das essa hipótese. Talvez, seja eu que não queira. Não seria tão fácil manter amizades, apenas com um minuto de conversa?
Ainda hoje vejo, supostos amigos, chegarem-se a mim, cumprimentarem-me, perguntarem como vai o tempo e depois vão a sua vida, provavelmente fazer o mesmo que me fizeram a mim, a outro sujeito qualquer. Chega a ser absurdo.
Hoje, deparo-me com o mesmo problema, poderei eu considerar alguém, meu amigo, apenas cumprimentando e tendo um dedo de conversa? Não serão os amigos aqueles que nos conhecem melhor do que nós, aqueles que estão sempre lá para conversar e alegrar? Ou estará a minha ideia de amizade destorcida? Sei, que diariamente, tenho de cumprimentar cerca de vinte e tal pessoas, que provavelmente nunca tiveram uma conversa de mais de trinta segundos comigo. Todos eles com conversas tão banais como:
“Está frio, dasse!”
“Esta mesmo.”
“Onde é que estão os outros?”
“Devem estar a chegar.”
Duas perguntas para todos os sujeitos que fazem estas conversas, Primeiro, não falem do tempo por favor. Segundo, os outros são quem? Os teus amigos suponho? Porque no fundo nós nem nos conhecemos. Quer dizer que eu, não sou teu amigo. Portanto gostava de te perguntar, uma última vez, porque temos de nos cumprimentar todas as manhãs? Porque gritas o meu nome alto, sempre que me vês, como se eu fosse um animal de zoo. Uma atracão qualquer, um palhaço de um circo ambulante?
Gostava, de ter um minuto, para vos conhecer a todos. Ouvir as vossas histórias e as vossas intrigas. Contudo, não sei se sou ocupado, ou se não tenho mesmo paciência para vocês todos, a realidade é esta. Não tenho um minuto para vocês. E se o tenho, prefiro gasta-lo comigo mesmo. Portanto, se de manhã passar por vocês e vos der desprezo, a razão é mais que obvia, estou farto de vos dizer olá, se quiserem falar, procurem-me que até vos dou mais que dois minutos de conversa, mas conversa a sério. Até lá, cumprimentem-se, mas não a mim.

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