quarta-feira, 28 de março de 2007

Honra para os vencidos

Acho que somos todos uns vencidos de uma guerra que ainda está para vir. Não sabemos bem quando, nem porquê, mas no nosso íntimo, sabemos que já a perdemos. É a única justificação possível. Fazemos de nós mesmos, gigantes de batalha, impenetráveis a tentar fugir de quem nos embaraça. Mas no fim, já fomos vencidos.
Com um certo ditado urbano na cabeça, espero fazer-me entender:
“Em tudo na vida, há sempre alguém melhor que tu.”
O que se contradiz um pouco ao outro ditado que se diz ás crianças:
“Se te esforçares, consegues fazer tudo.”
Acho que á medida que envelhecemos, começamos lentamente a desacreditar, a esquecer, a ignorar a condição de que somos capazes de tudo. Esquecemos que se quisermos, somos um tanque de guerra em missão de paz. Capaz de contrair todas as fileiras e todas as trincheiras espalhadas pelo mundo. Esquecemos tudo isso, porque no fundo, já admitimos, á alguém melhor que nós. E como os grandes caem!
Mesmo os mais revoltados, os mais emotivos, os mais sentidos, todos, sentimos ter lugar no mundo, mas somos traídos pelos defeitos que julgávamos já ter superado. É a realidade.
E no fim, dou por mim a pensar assim, depois de ir ao cinema, e a estar a mijar da Coca-Cola que bebi, ao lado de um tipo que nunca vi na vida, e uma música a acompanhar a melodia do mijo, toca Bob Marley, cantando:
“Don't worry about a thing, 'Cause every little thing gonna be all right.”
Como o mundo se torna irónico, e o sinal que já fomos vencidos, mesmo antes de lutarmos, toca baixo, numa melodia amigável, numa casa de banho suja, em mais um super mercado gigante, espalhado por todo o país, aberto todo o dia, até nos fim de semanas e feriados, dias em que está mais cheio e enlatado.
No geral, concluo que já foi vencido, mas será isso um incentivo suficiente para parar?

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