quarta-feira, 30 de maio de 2007

Alguém que me ouviu

Concluo, nos vários pensamentos que passam pela minha mente, que o que mais queremos é alguém que nos ouça. Alguém que nos respeite. Alguém que note o nosso esforço e diga:
“Força, tu consegues.”
Acho que este sentimento de encorajamento move a humanidade. O pior, é que andamos a encorajar as coisas erradas. Andamos a gostar das coisas piores que o ser humano tem. Gozamos uns com os outros para os ver irritados e frustrados. Andamos pelos caminhos errados a pedir que nos notem. E no fundo, esse sentimento de encorajamento, muda a sua força, incentivo e objectivo. Por vezes somos levados a fazer algo de errado, apenas para nos sentirmos importantes.
Seria eu quem sou, se nunca me tivessem incentivado as coisas erradas? Se a bebida fosse desprezada, provavelmente eu não teria tomado certas loucuras. Se a amizade fosse louvada, eu talvez nunca tivesse magoado as pessoas erradas. Se a verdade fosse imposta, eu talvez não seria tão fraco. E contudo, incentivamos as coisas erradas. Observamos espantados quando alguém consegue mentir. Gratificamos quem mente, porque conseguiu se safar de algo inevitável. Serão os políticos gratificados? Será por isso que mentem?
A verdade é que já me disseram que sou o melhor, em várias coisas. Suficiente para fazer uma curta lista. E contudo, se me der ao trabalho de tentar descodificar qual dessas coisas é “útil”, então a lista será muito encurtada. Encurtada até demais. Concluo, sem dúvida, que sou o melhor em coisas erradas e passageiras. E para que serve todo este espectáculo e atitudes? Para alimentar o ego.
E quem não precisa de aumentar o ego? Quem não gosta de passar uns minutos ao espelho? Quem não gosta de ser o melhor? Quem não gosta de ser aplaudido? Quem não gosta de ser homenageado? Quem não gosta de ser respeitado? Somos todos humanos, todos gostamos de sentir encorajamento e gratificação pelas nossas atitudes. Todos sem excepção.
Até Deus! Até Deus com as cerimónias religiosas e versos poéticos. Deus deve ter um ego gigante. E por muito “nada” que ele faça, continua a ser homenageado.
Viva á humanidade e ao seu ego sedento de consideração.

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